A pequena Mary Bell
- sanguefrioterror
- 2 de jun. de 2015
- 6 min de leitura
Você já ouviu falar da Mary Bell?

INFÂNCIA
Nascida no dia 26 de Maio de 1957, em Newcastle, Inglaterra, Mary Flora Bell era filha de Betty Bell, uma prostituta. Betty era uma mãe bastante ausente, pois viajava constantemente para Glasgow para trabalhar. Mary (apelidada de May) foi sua primeira filha, nascida quando Betty tinha 16 anos de idade. Não se sabe quem é o pai biológico de Mary, mas na maior parte de sua vida ela acreditou ser Billy Bell, um criminoso que mais tarde foi preso por assalto à mão armada e que casou com Betty algum tempo depois que Mary nasceu.

Durante a infância, Mary era humilhada pela mãe, devido ao fato de urinar na cama. Betty esfregava o rosto da filha na urina e pendurava o colchão molhado do lado de fora, para todos verem. Mary também havia sido levada para adoção, em 1960, porém Betty não conseguiu que ela fosse adotada. Mary já foi até levada ao hospital para fazer uma lavagem no estômago, pois ela havia comido comprimidos misturados com doces.
O mais perturbador são os relatos da própria Mary, que disse que ela foi alvo de abusos sexuais quando criança. Segundo os relatos de Mary sua mãe a obrigava a realizar atos sexuais quando ela tinha menos de cinco anos.
Com o passar dos anos Mary desenvolveu um hobby um tanto quanto perturbador: torturar animais. Mary havia desenvolvido um gosto muito especial por matar e torturar cães e gatos.
Aos 4 anos, Mary tentou estrangular um amiguinho, e aos 5, assistiu, sem esboçar nenhuma reação, o atropelamento de outra criança.
No início de 1968 Mary desenvolveu uma forte amizade com Norma Joyce Bell, de 13 anos, que apesar do nome, não tinha parentesco com Mary.

(Norma Bell)
As duas brincavam com um primo de Mary, de 3 anos, em um abrigo em desuso. A criança aparentemente caiu e machucou a cabeça. Mais tarde se suspeitaria de que tal acidente tivesse sido provocado pelas duas amigas.
No dia seguinte, três meninas de seis anos brincavam quando foram surpreendidas por Mary e Norma. Mary se aproximou de uma das garotas e apertou seu pescoço. A polícia foi chamada e em 15 de maio, policiais conversaram com Mary e Norma.
CRIMES
Um dia antes de Mary Bell completar 11 anos, no dia 25 de Maio de 1968, ela cometeria seu primeiro crime. Nesse dia Mary assassinou Martin Brown.

(Martin Brown)
Mais tarde nesse mesmo dia, dois garotos procuravam pedaços de madeira em uma casa em ruínas, quando se encontraram um cadáver de um menino louro. O menino era Martin George Brown, de apenas 4 anos. Ele foi encontrado próximo a uma janela, com sangue e saliva escorrendo pelo rosto. Os garotos alertaram operários de uma construção perto dali a respeito do macabro achado. Um dos operários tentou reanimar a criança, mas o menino já estava morto.
Nesse momento Mary e Norma apareceram no local. Na verdade Mary estava levando a amiga para que ela visse seu “trabalho”. Os operários as expulsaram. Eles não desconfiaram que uma das meninas era a autora do crime.
As duas então decidiram comunicar sobre o fato à tia de Martin. Elas disseram à mulher que uma criança havia sofrido um acidente fatal, e que acreditavam que Martin havia morrido.
A polícia chegou ao local. Martin tinha sofrido várias lesões na cabeça e não havia sinais de violência. A polícia acreditou que a causa da morte foi acidente e o caso permaneceu em aberto. A população exigiu das autoridades que se tomassem medidas para o caso do perigo que eram os prédios abandonados.
No dia 26 de maio, aniversário de Mary e um dia após assassinar Martin, ela resolveu comemorar seu aniversário apertando o pescoço da irmã de Norma, mas foi impedida pelo pai desta. Até então esses eventos eram tidos apenas como brincadeiras um tanto brutas entre as crianças, afinal quem poderia imaginar que uma pequena garotinha faria algo que atentasse contra a vida de alguém?
No dia 27, segunda-feira, pela manhã, professores de uma creche no final da Whitehouse Road encontraram a mesma vandalizada. Os materiais letivos estavam jogados, produtos de limpeza foram espalhados pelo chão e haviam bilhetes com mensagens grosseiras e confissões de assassinatos. As pessoas responsáveis pela depredação do local eram Mary e Norma.
No dia 30 de maio, Mary foi até a casa dos Browns, a mãe de Martin, June Brown, a atendeu. Mary disse querer ver Martin, June respondeu que Martin estava morto, e Mary lhe disse: "Eu sei que ele está morto. Queria vê-lo no caixão." June fechou a porta rapidamente. O comportamento de Mary Bell perante a morte de Martin era estranho, mas ninguém ligou isso à morte misteriosa de Martin.
No dia 31 de julho, Pat Howe procurava seu irmão, Brian de 3 anos de idade, quando Mary perguntou: "Você está procurando Brian?" e ofereceu-se para ajudar nas buscas. Mary, Pat e Norma seguiram para um terreno baldio, cheio de blocos de concreto, pois Bell disse que o menino poderia estar brincando ali. O corpo de Brian foi encontrado às 23h10. Mary Bell conduziu Pat até ali para ver qual seria sua reação.

(Brian Howe)
O cadáver do menino estava coberto de grama. Ele havia sido estrangulado, havia cortes em suas pernas e uma perfuração no abdômen. Uma tesoura foi encontrada próximo ao local do crime.
INVESTIGAÇÕES
Mesmo antes do enterro de Brian a polícia começou a interrogar os moradores de Scots Wood, principalmente as crianças, pois eles acreditavam que uma das crianças poderia ter visto alguma pessoa com Brian. Até então a polícia não desconfiava que os crimes pudessem ter sido cometidos por outros menores de idade. O primeiro ponto positivo da investigaçãoda polícia foi o depoimento de Norma Bell. Ela disse ter estado presente quando Brian foi morto, e disse que um menino matou o garoto. Mary também disse que no dia do crime, ela viu um menino agredindo Brian aparentemente sem motivo. Ela também alegou que viu o menino brincando com uma tesoura quebrada. Tinha ficado claro que as duas meninas haviam visto Brian sendo assassinado. Antes do enterro de Brian, policiais interrogaram novamente Norma. Dessa vez ela entregou Mary, dizendo que ela havia matado Brian e que levou ela e Pat para o local do crime.
Mary e Norma foram presas no dia 7 de agosto, durante a noite.
Mary era uma menina inteligente, divertia-se esquivando das perguntas dos policiais. Durante o seu julgamento Mary chegou a declarar: "Eu gosto de ferir os seres vivos, animais e pessoas que são mais fracos do que eu, que não podem se defender". Essas declarações acabaram influenciando para que a mesma fosse condenada à prisão por tempo indeterminado, mediante avaliações psiquiátricas.
“Ela não demonstrou remorso, ansiedade ou lágrimas. Ela não sentiu emoção nenhuma em saber que seria presa. Nem ao menos deu um motivo para ter matado. É um caso clássico de sociopatia,” disse o psiquiatra Robert Orton em seu laudo psiquiátrico. Sociopatia e psicopatia são termos equivalentes na psiquiatria. Alguns especialistas defendem que ambos são transtornos diferentes, já outros dizem tratar da mesma coisa.
JULGAMENTO
Mary e Norma foram julgadas pelas mortes de Brian Howe e Martin George Brown no dia 5 de agosto de 1968, o julgamento durou alguns dias. O promotor de acusação Rudolf Lyons comentou sobre o comportamento mórbido de Bell de caçoar da dor dos familiares da vítima; citou também o conhecimento de Bell sobre o estrangulamento de Brian, pois não foi publicamente comentado a causa da morte do garoto.
Peritos encontraram fibras de lã cinza nos corpos de Brian e de Martin, elas eram compatíveis com uma blusa de lã pertencente a Mary. Fibras marrons de uma saia de Norma foram encontradas em um dos sapatos de Brian. Peritos em caligrafia também analisaram os bilhetes deixados na creche vandalizada. Eles confirmaram que Norma e Mary haviam escrito os recados. A promotoria culpou Mary de influenciar Norma nos atos ilícitos.
O veredicto saiu em 17 de dezembro de 1968: Norma Bell, inocente de todas as acusações; Mary Bell, culpada, condenada por assassinato em função de redução de responsabilidade. Mary Flora Bell foi enviada para a Red Bank Special Unit, uma clínica altamente segura, e de certa forma, confortável. Ela ficou sob os cuidados de James Dixon que de certa forma, lhe serviu como um pai. Ela também recebia visitas da mãe, Betty.
Mary foi transferida, em 1973, para a prisão de Moor Court Open. Essa mudança provocou certos efeitos negativos. Em 1977, Mary Bell fugiu, mas foi recapturada alguns dias depois. Ela afirmou que tentou engravidar, e seu companheiro vendeu sua história para jornais sensacionalistas ingleses.

LIBERDADE
Mary Bell foi libertada em 14 de maio de 1980. Ela seguiu para Suffolk, onde arrumou emprego em uma creche, mas oficiais locais acharam o emprego inadequado. Mary então arrumou outro emprego como garçonete. Ela voltou a morar com sua mãe, e engravidou de um rapaz. Houve controversas sobre sua possibilidade de ter um filho, mas ela conseguiu o direito de cuidar da criança que nasceu em 1984. De certa forma, os anos de tratamento surtiram efeito. Mary tornou-se uma mãe amorosa com sua filha.
Mary Bell solicitou o anonimato para ela e sua filha. Sua identidade foi mudada e seu local de moradia mantido em segredo. A "Ordem Mary Bell" lhe foi concedida em 21 de maio de 2003. Alguns anos antes, a jornalista Gitta Sareny escreveu um livro sobre a vida de Bell. Cries Unheard (Gritos no Vazio) levou muita gente a acreditar que Mary deveria deixar o anonimato. Acredita-se que o livro rendeu um bom dinheiro à Bell, e tanto esse dinheiro, quanto o anonimato causaram controvérsias, principalmente entre os familiares de Martin e Brian. Aos 51 anos de idade, Mary Bell virou avó. Hoje, seu nome e paradeiro são desconhecidos.

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